sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Conforto-me com histórias outras, de raspão, de través...Evito o toque – não por medo do contágio, mas pelo pavor das tantas entregas em vão...Preservo o desvario como dom, e medida preventiva contra a realidade, fui direto para esse estágio, pulando propositadamente a busca absurdamente utópica da felicidade.
Estou bem, relaxa, a tristeza como a melancolia andam entrelaçadas a mim, trago ambas pela mão, o que não me torna cronicamente infeliz – realista com toques de pessimismo medido e pesado com as doses de vida cotidiana e demais atrocidades. Admito não saber se quando no reino do terrivelmente vil, do incoerente, conseguirei seguir vivendo, mesmo com roupas que evitem o contágio, luvas, máscaras e toda a sorte de medidas de prevenção
Esse contato com os ‘do mal’, fez um rasgo nos meus pulsos, e depositam dia sim, outro não, veneno sobre a cicatriz – sempre prestes a abrir-se. Eles estendem as mãos vazias para meu corpo fragmentado, sorriem plasticamente e dizem, tranquilize-se senhora, nós sempre estaremos aqui. Depositam as malas por sobre os meus pés, e com os sorrisos congelados me olham e afirmam: não adianta criar desvãos contra o que conseguimos lançar dentro. As tuas pontes ilusórias, sempre seguem em direção ao outro.

Assina aqui – sem ler, se faz favor – e começa a procurar a felicidade a qualquer custo, você é só mais uma idiota, ansiando pelo que lhe falta, e desejando em seguida qualquer outro produto em liquidação no mundo.

Anne Damásio



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