Conforto-me com
histórias outras, de raspão, de través...Evito o toque – não por medo do
contágio, mas pelo pavor das tantas entregas em vão...Preservo o desvario como
dom, e medida preventiva contra a realidade, fui direto para esse estágio,
pulando propositadamente a busca absurdamente utópica da felicidade.
Estou bem, relaxa, a
tristeza como a melancolia andam entrelaçadas a mim, trago ambas pela mão, o
que não me torna cronicamente infeliz – realista com toques de pessimismo
medido e pesado com as doses de vida cotidiana e demais atrocidades. Admito não
saber se quando no reino do terrivelmente vil, do incoerente, conseguirei
seguir vivendo, mesmo com roupas que evitem o contágio, luvas, máscaras e toda
a sorte de medidas de prevenção
Esse contato com os ‘do
mal’, fez um rasgo nos meus pulsos, e depositam dia sim, outro não, veneno
sobre a cicatriz – sempre prestes a abrir-se. Eles estendem as mãos vazias para
meu corpo fragmentado, sorriem plasticamente e dizem, tranquilize-se senhora,
nós sempre estaremos aqui. Depositam as malas por sobre os meus pés, e com os
sorrisos congelados me olham e afirmam: não adianta criar desvãos contra o que
conseguimos lançar dentro. As tuas pontes ilusórias, sempre seguem em direção
ao outro.
Assina aqui – sem ler,
se faz favor – e começa a procurar a felicidade a qualquer custo, você é só
mais uma idiota, ansiando pelo que lhe falta, e desejando em seguida qualquer
outro produto em liquidação no mundo.
Anne Damásio
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