quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

COM A PARESCENÇA DA MORTE...

Uma viagem bem longa, para bem longe daqui, talvez resolvesse, se é que há mesmo algo para ser resolvido. Mas talvez a solução esteja na paisagem interna, não na externa. Talvez eu possa modificar aquela sem modificar esta. O que eu queria era modificar a duas, de uma só vez. Queria ter o que ver, quando olhasse dentro ou fora de mim. Caio Fernando Abreu

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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

E de repente o óbvio!

O que só banco consegue? Empréstimo sem margem consignável.


O que só seu colega de trabalho visita? Sua página no lattes.


O que só a atual mulher do ex-marido vê? O fantasma da antiga.


 O que só mãe consegue entender? Porque depois de tanto esforço o filho não conseguiu vencer na vida.


 O que só irmã invejosa vê? Seu celta 2008 transformado num corola 2011.


 O que só amiga invejosa observa? Que você mudou de perfume quando nem você lembrava.



O que só vó vê? Qualidade em netos com centenas de defeitos.


O que só psiquiatra vê? Representante de indústria farmacêutica, transtornos psíquicos e drogas mais eficazes.

Anne Damásio

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

CORPO DE SENTIR-DOR

Sabe Clarice eu nunca quis ser assim dada a excessos, esse corpo-móbile de sentir-dor. E no entanto, em todos esses anos tenho vivido experimentando ver aumentar em minha alma sulcos profundos causados por decepções inimagináveis. Por vezes eu quase intui, mas racional, desacreditei que a intuição lança chamas para evitar as tais cicatrizes profundas na alma. As voltas com meus momentos de luminosidade pela descoberta do que poderia vir a me causar dor esvaziava copos e enchia o corpo, ocultando dores inconfessáveis até para mim, que tinha um certo fascínio pelo corte profundo. Assim permanecia firme na superfície escorregadia das coisas, mas não é ai que moram os abismos?
Então me vejo agora dentro de um corpo em que não me reconheço, disforme...sempre os excessos e a pouca vontade de viver saudavelmente, a mente como um feto a mexer por dentro do crânio causando angústias inomináveis, e quando sorrio assim, meio entre-dentes ninguém sabe o que se passa aqui por sob a minha pele. Quantas de mim serão destruídas por decepções contínuas para que eu venha definitivamente a sucumbir? Anne Damásio
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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

De como conviver com vampiros....

As pessoas tendem a arquivar rancores, desejando obscenamente coisas ruins, aqueles que curiosamente incomodam de alguma forma, se observadas de forma detida, esses desejos lançados aos outros são facilmente revelados através das pequenas fagulhas de inveja que despontam dos olhos. Arquitetam com seus pares, tantas vezes provisórios, planos para destruir quem eles consideram que precisam ser derrubados, ou consertados, ocupando momentaneamente o papel dos deuses, como se aqueles que incomodam fossem peças de um imenso tabuleiro prontas a serem descartadas. Me alucina não conseguir ler nos sorrisos e palavras lançadas ao vazio quanto de maldade escorre, quanto de inconsciente, mas sigo espremendo o veneno lançado, o resto deixo adormecer no corpo para criar imunidade.
Nos encontros costumeiros, cumprimentam esses mesmos sujeitos que tanto os incomodam com a doçura de quem vive a vampirizar costumeiramente, ódios infundados latejando por trás dos sorrisos. Fingem com a capacidade de um faquir se exibindo sem dar sinais de dor ou sensibilidade. Ostentam o recém adquirido, sem saber que o que o mundo sabe fazer melhor, como diria sabiamente Saramago: é dar voltas.
 Enquanto eles desconhecem a humildade, se escondendo por trás de si, por não saber ser, seguindo seus roteiros entediantemente fixos. Prefiro olhar na cara e expor a verdade sem ponderação, não necessito de subterfúgios, deixe-os no meio do caminho, sou e deixo as pessoas pensarem o que quiserem a meu respeito, não me apresento com credenciais ou símbolos de status, apenas vivo, só não compreendo porque incomoda tanto me deixar viver. Mas seguirei “incomodando bastante ainda”. Anne Damásio
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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Qual eu sou eu?

Seguia todas as receitas, talvez por saber que havia chegado ao limite extremo do humano, afinal nunca fora problema lidar com uma existência medicalizada. Obviamente sucumbia vez por outra, por medo de me encontrar, e nesse confronto com essa figura em processo de construção, me perder. Então, me guardei toda pra dentro, poucas falas, muitos livros, poucos encontros, muitos filmes. No entanto, os sentimentos contraditórios, meu velho eu dado a extremos teimava em sair, como num parto, pensei em etiquetá-los, sentimentos encaixotados, taxonomicamente organizados, evitando assim a confusão que era pra mim sentir....alma querendo sair, não reconhecendo esse corpo tranqüilo, não-eu. Quem saberá se depois de um processo de imersão psíquica, determinado, não consiga existir efetivamente de forma relativamente satisfatória...A. Damásio

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