Sabe Clarice eu nunca quis ser assim dada a excessos, esse corpo-móbile de sentir-dor. E no entanto, em todos esses anos tenho vivido experimentando ver aumentar em minha alma sulcos profundos causados por decepções inimagináveis. Por vezes eu quase intui, mas racional, desacreditei que a intuição lança chamas para evitar as tais cicatrizes profundas na alma. As voltas com meus momentos de luminosidade pela descoberta do que poderia vir a me causar dor esvaziava copos e enchia o corpo, ocultando dores inconfessáveis até para mim, que tinha um certo fascínio pelo corte profundo. Assim permanecia firme na superfície escorregadia das coisas, mas não é ai que moram os abismos?
Então me vejo agora dentro de um corpo em que não me reconheço, disforme...sempre os excessos e a pouca vontade de viver saudavelmente, a mente como um feto a mexer por dentro do crânio causando angústias inomináveis, e quando sorrio assim, meio entre-dentes ninguém sabe o que se passa aqui por sob a minha pele. Quantas de mim serão destruídas por decepções contínuas para que eu venha definitivamente a sucumbir? Anne Damásio
Desconheço a autoria da imagem!
Então me vejo agora dentro de um corpo em que não me reconheço, disforme...sempre os excessos e a pouca vontade de viver saudavelmente, a mente como um feto a mexer por dentro do crânio causando angústias inomináveis, e quando sorrio assim, meio entre-dentes ninguém sabe o que se passa aqui por sob a minha pele. Quantas de mim serão destruídas por decepções contínuas para que eu venha definitivamente a sucumbir? Anne Damásio
Caramba Anne, você escreve muito bem, deu pra sentir você ao ler o texto.
ResponderExcluirParabéns, vou vasculhar tudo por aqui.
bjoooos