quinta-feira, 31 de maio de 2012

Da educação!

"Educação combina com sensibilidade. Combina com romantismo. Mostra que estamos ouvindo o que está sendo dito. Não é um item repressor. Não traduz falta de liberdade. É o contrário: os bons modos são revolucionários. Significa respeitar o outro de igual para igual. Significa não dar ordens. Significa intimidade..."Carpinejar

Do tempo que passa...


Quando olho para mim não gosto do que vejo, a sensação de decrepitude estética. Recordo alguém que eu era, as mudanças me enervam, logo eu que sempre afirmei que saberia lidar com elas! Entretanto percebo que olhar para o passado me leva a outra constatação, aquela mulher não sabia lidar com as emoções, era intempestiva, ansiosa por agradar, aquela mulher era bem mais inquieta em relação ao futuro, e aquele devir que a incomodava se instaurou e lhe mostra cotidianamente que as mudanças quando tem que vir não respeitam os desejos de permanência. Então se agarra ao que você adquiriu de melhor, se despe do apego a quem não quis ficar, e aceita quem você é! Anne Damásio

sexta-feira, 25 de maio de 2012

De quem eu era aos 35 anos! De quem serei hoje?

Rememorando:.

Descobri em mim uma veia assassina, que direta ou indiretamente mata tudo o que é sutil ou inteiramente tentativa de permanência , pela incapacidade por vezes vã de não permitir que me sigam, me adorem, me odeiem por conveniência. A gente passa a vida procurando o sentido das coisas e ao fim de tudo nos deparamos com pessoas que mais cedo ou mais tarde inventarão qualquer subterfúgio para se salvar das tais conveniências. Ao acordar do torpor da noite anterior consegui esboçar entre-dentes um sorriso – mais parecido com espasmo – E só agora consigo exteriorizar esse ressentimento, esse fastio de viver. Talvez a maturidade esteja me convertendo numa mulher de 35 anos, tatuada, e deslocada…no corpo e gestos denúncias dos meus excessos, na alma, mais dúvidas do que costumava ter quando menina. Então os flertes constantes com o abismo, que me permito como forma de sanar a busca por mim… E vou sussurrando entre lábios: não tenho culpa desse sentir excessivo, desta dor que vaza pelos meus poros, não tenho culpa dos meus delírios ideacionais… É deles que vivo. Estou exagerando, eu sei, mas estou em carne viva, escrevendo nietzchianamente com sangue pra diluir minhas insanidades, que de temporárias nada mais tem...

domingo, 20 de maio de 2012

"Nos últimos tempos tenho me movimentado com dificuldade dentro dos meus escombros-de-dentro, por uma série de razões demasiado pessoais para serem trazidas ao baile(trata-se de um baile?) aondo com uma autocrítica violentíssima e não consigo, simplesmente não consigo pensar organizadamente(..)Nas cartas que tenho escrito ou nos meus rabiscos solitários (e vis, talvez) no meio da noite,acabo sempre caindo na mais lamentável das auto-lamentações: dói, tudo dói, DÓI PRA CACETE, MEU IRMÃO; como uma nevralgia psico-espiritual(!) Parece que alguma peça importante para o meu funcionamento simplesmente quebrou, e eu não sei o que fazer, e tenho consciência do quanto isso parece ridículo e juvenil, só não estou mais a fim de fingir que tudo bem, você me entende?, e é isso mesmo que eu sou, esse "ter nascido me estragou a saúde"ambulante e crônico..." 
Caio F. Abreu in: crônica publicada na revista paralelo em 1976.