"Nos
últimos tempos tenho me movimentado com dificuldade dentro dos meus
escombros-de-dentro, por uma série de razões demasiado pessoais para
serem trazidas ao baile(trata-se de um baile?) aondo com uma autocrítica
violentíssima e não consigo, simplesmente não consigo pensar
organizadamente(..)Nas cartas que tenho escrito ou nos meus rabiscos
solitários (e vis, talvez) no meio da noite,acabo sempre
caindo na mais lamentável das auto-lamentações: dói, tudo dói, DÓI PRA
CACETE, MEU IRMÃO; como uma nevralgia psico-espiritual(!) Parece que
alguma peça importante para o meu funcionamento simplesmente quebrou, e
eu não sei o que fazer, e tenho consciência do quanto isso parece
ridículo e juvenil, só não estou mais a fim de fingir que tudo bem, você
me entende?, e é isso mesmo que eu sou, esse "ter nascido me estragou a
saúde"ambulante e crônico..."
Caio F. Abreu in: crônica publicada na
revista paralelo em 1976.
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