Rememorando:.
Descobri em mim uma veia assassina, que direta ou indiretamente mata
tudo o que é sutil ou inteiramente tentativa de permanência , pela
incapacidade por vezes vã de não permitir que me sigam, me adorem, me
odeiem por conveniência. A gente passa a vida procurando o sentido das
coisas e ao fim de tudo nos deparamos com pessoas que mais cedo ou mais
tarde inventarão qualquer subterfúgio para se salvar das tais
conveniências. Ao acordar do torpor da noite anterior consegui esboçar
entre-dentes um sorriso – mais parecido com espasmo – E só agora consigo
exteriorizar esse ressentimento, esse fastio de viver. Talvez a
maturidade esteja me convertendo numa mulher de 35 anos, tatuada, e
deslocada…no corpo e gestos denúncias dos meus excessos, na alma, mais
dúvidas do que costumava ter quando menina. Então os flertes constantes
com o abismo, que me permito como forma de sanar a busca por mim… E vou
sussurrando entre lábios: não tenho culpa desse sentir excessivo, desta
dor que vaza pelos meus poros, não tenho culpa dos meus delírios
ideacionais… É deles que vivo. Estou exagerando, eu sei, mas estou em
carne viva, escrevendo nietzchianamente com sangue pra diluir minhas
insanidades, que de temporárias nada mais tem...
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