quinta-feira, 29 de setembro de 2011

cotidiano


Mediocridade, hipocrisia, medo de viver a dois, a três, a quantos eu tenha que suportar...Era esse o nosso lema, contemporâneo não? Pessoas desmagnetizadas buscando seu próprio pote no fim do arco-íris, cheio de quê? Ah, preciso fazer uma ressalva, quando aludi a arco-íris e todos os outros ‘arquétipos’ gays, não me referi a quem sabe viver sem se esconder, como nós, numa lógica meio força na peruca mona!
Me refiro a quem tem medo de viver, a quem se adapta as rotinas mais medíocres, e para fugir delas, paradoxalmente se agarra a elas...rotina, assim como cotidiano, tédio desmesurado, repetição fatídica de gestos, sintomas, ingestões, e porque não dizer coitos...vamos amor termina rápido que quero ver o filme, ou preparar meu repertório, minha aula, cuidar das crianças, quando as temos. Temor de viver o mesmo pelo medo do novo, terror de ter por perto pessoas que a vêem como uma enguia(escorregadia eu? Claro bicha, por puro medo de ser enquadrada). E depois o maluco sou eu? Aquela que vinha construindo sua vidinha e acabou aqui sozinha, porque os outros fogem para os ‘pseudos’ grandes centros, aquela que pede atenção e ninguém se digna a perguntar, e aê perua, tá bem? Pra quê né? ela sempre está apta a escutar os outros, a se doer e se foder pelos outros...Então quer saber, deixa ela em paz com suas fugas diárias, seus choros interrompidos quando surge companhia, sua vida recém comezinha!!!

Anne Damásio

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

E vocês chegaram....

E então vocês chegaram, sem pedidos diretos ou subterfúgios, desses joguinhos sujos que os recém futuro amigos inventam para se aproximar, e me cuidaram, e empaticamente as adotei. A presença constante na minha vidinha recém medíocre de interiorana se fazia sem sustos, mas com uma necessidade visceral da presença de vocês, que me confortavam, me ajudavam a ultrapassar esses dias entediantes, me ouviam falar exaustivamente nas aulas, e deixavam resplandecer, aquele brilho sem premeditação no olhar, assentindo com a cabeça  quando eu bobamente dizia algo que lhes agradava.
Então agradeço pelas surpresas boas que a vida, o destino, ou entes bons me põe no caminho, agradeço pela preocupação com a velha senhora angustiada, que como diria Caio F...andava angustiada demais atualmente, palavrinha fácil essa! Compreendi que a presença de vocês aplainava algumas dores, me  trazia boa companhia desinteressada, comida de mãe, choro de filho que não tem a mãe por perto, e descobri, agorinha mesmo, quando saindo do trabalho cabisbaixa precisava tanto de colo, que não quero nunca me perder de vocês, “astralmente impossível”, rssss!!!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Daquele blog antigo...para meu menino...

pequenos fragmentos de uma grande dor...

Para Rô
Não foi só a distância geográfica, era meio como que uma distância de mim...e por não me encontrar não te achava também(porque é assim com as pessoas que amamos)...mas ai te vi, localizado a meio caminho(uma coisa meio "península ibérica" ao fundo, e você dentro dela, da vida. Sorrindo, não com a mesma jovialidade que lhe é característica, talvez com mais parcimônia, mais sabedoria)
Quis tanto te falar da minha saudade, para além dos muros...por saber que você me entende, ando assim, vivendo "uma vida toda pra dentro", talvez nem seja por escolha, talvez as circustâncias tenham me empurrado para o mais fundo de mim...decepções óbvias, nem tão grandiloquentes(mas que por sua obviedade nos faz sangrar, até que só reste esse levar adiante sem muita vontade...meio Pizarnik, meio Woodman, tranfigurando vida...e amando as letras cada vez mais...)
Tenho bebido pouco, por questões de ordem prática também, mas sobretudo porque a bebida não me tira mais à realidade(e era para isso que a utilizava, antídoto certo contra a dor...)

Ps: espero que você chegue, com todas as novidades óbvias das viagens, mas sobretudo com essa suavidade nos gestos e uma sensibilidade estranha que me faz te admirar mais...porque sei que com tua presença as obviedades adquirem outra tonalidade, e porque sinto tanta falta do teu abraço...