Ah, então
quer dizer que devo re-la-xar, realizar mais uma centena de exames
complementares que servirão para complementar os que complementaram os exames iniciais? Então a suspeita é de
auto-imune? Acho digno, afinal acredito plenamente que a doença deve parecer
com seu portador, vide tantos românticos com tuberculose lá pelos idos do
século XIX, se não me falha a memória(e se isso já não for um reflexo do corpo
contra mim, para provar de forma machista que o meu corpo não me pertence, não
por enquanto, não mais)...E a relação entre mundos imaginários, loucura e
literatura, como não pensar no caráter transgressor da loucura, como não
imaginar que haveria uma relação entre: um sistema nervoso obscenamente afinado,
que perceberia mais informações sensoriais do quê a média dos humanos
normais, e faria com quê tantos escritores lindos e loucos se doessem por
dentro, deixando escapar na escrita o que se escondia nos lugares indevassáveis
de suas almas atormentadas. Numa lógica bemmm Anne Sexton, de que: "A
literatura me pegou pela mão e me salvou da loucura." Mas então as
auto imunes, que caracterizam-se pela
presença de diversos auto-anticorpos - anticorpos contra as estruturas
celulares do próprio cristão, e começo a crer que não tão cristão assim,
considerando que o seu corpo atenta contra si, com uma veia marcadamente
assassino/suicida, risivelmente desagradável, mas muito parecida com gente que
tem um pendor para atitudes impensadas, ou maquinadas a tempo demais. A parte
interessante que sobra desse grande circo é o cultivo excessivo do corpo enquanto
marca da identidade, e a incrível efemeridade que o caracteriza diante de um
humano que ninguém se preocupa em
desenvolver...a alma hoje seria a irmã pobre do corpo esteticamente modelado.
Então daremos viva ao perecível, porque o que importa...importa para quem mesmo? Anne Damásio
Fotoarte: Jaya Suberg
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