quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Qual a doença que te habita?


Ah, então quer dizer que devo re-la-xar, realizar mais uma centena de exames complementares que servirão para complementar os que complementaram os  exames iniciais? Então a suspeita é de auto-imune? Acho digno, afinal acredito plenamente que a doença deve parecer com seu portador, vide tantos românticos com tuberculose lá pelos idos do século XIX, se não me falha a memória(e se isso já não for um reflexo do corpo contra mim, para provar de forma machista que o meu corpo não me pertence, não por enquanto, não mais)...E a relação entre mundos imaginários, loucura e literatura, como não pensar no caráter transgressor da loucura, como não imaginar que haveria uma relação entre: um sistema nervoso obscenamente afinado, que perceberia mais informações sensoriais do quê a média dos humanos normais, e faria com quê tantos escritores lindos e loucos se doessem por dentro, deixando escapar na escrita o que se escondia nos lugares indevassáveis de suas almas atormentadas. Numa lógica bemmm Anne Sexton, de que: "A literatura me pegou pela mão e me salvou da loucura." Mas então as auto imunes, que caracterizam-se pela presença de diversos auto-anticorpos - anticorpos contra as estruturas celulares do próprio cristão, e começo a crer que não tão cristão assim, considerando que o seu corpo atenta contra si, com uma veia marcadamente assassino/suicida, risivelmente desagradável, mas muito parecida com gente que tem um pendor para atitudes impensadas, ou maquinadas a tempo demais. A parte interessante que sobra desse grande circo é o cultivo excessivo do corpo enquanto marca da identidade, e a incrível efemeridade que o caracteriza diante de um humano  que ninguém se preocupa em desenvolver...a alma hoje seria a irmã pobre do corpo esteticamente modelado. Então daremos viva ao perecível, porque o que importa...importa para quem mesmo? Anne Damásio

Fotoarte: Jaya Suberg

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