Passei anos às voltas com os outros numa interação vazia –
aqueles que são como eu, que sangram por todos os poros não permanecem muito
tempo em bando, e se o fazem é por puro desespero, medo, pavor do encontro
consigo – quando falo do vazio que constituía as pessoas e algumas interações,
me refiro ao fato de que tudo acabava em um segundo, tudo se esgotava no ato...as
interações se resumiam facilmente a uma guerra corporal de egos, onde as
injustiças e sofrimentos de cada um eram expostos e sempre considerados muito
maiores que todos os demais, afinal, quem suporta carregar a própria carga? As
conversas eram de uma banalidade obscena, como num jogo de pingue pongue, me
construir para o outro(porque na falta de relações sólidas o que vale é a
primeira impressão numa aparência retocada), apresentar quem não sou, e com um
certo grau de intimidade(algo em torno de dois encontros em mesas de bar) falar
mal de todos os outros, inclusive, baseando a fala numa auto imagem imaculada.
Dessas interações restou esse vazio no peito...quanto a horda de sujeitos
superficiais, permanecem pelas noites, sempre em mesas de bares. Se você vir a
cadeira ao lado deles vazia, não se assuste, o ego deles não gosta de ficar de
pé, ele já é grande o suficiente. Anne Damásio
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