É
como um reencontro com um ser que eu não conhecia, a vida adquiria nuances mais
leves, nunca aquele prisma confuso de cores ofuscantes; nem o cinza dos dias
iniciais onde a cama estava escorada no abismo, e era lá que eu queria ficar;
nem aquele bege pastoso dos momentos em que aquela apatia pegajosa era
regra...agora um certo azul clarinho, que bem poderia ser rosa, mas minha veia
subversiva não permitia adesões incondicionais a extremos, talvez por isso não
me reconhecia nessa leveza que me deixava entre tonta e enjoada. Continuarei
perseguindo essa que não reconheço, talvez porque ela nunca esteve aqui, porque
eu nunca tinha enxergado, no sentido de devassar, esse ser intenso e estranho,
e já tinha saudades dela, e não queria que ela fosse embora...E não sabia o que
sobraria dela em mim...eu que ultimamente abusava das reticências como forma de
dar uma continuidade qualquer para uma existência ainda estagnada,
estagnando-se...e quando me perguntarem onde estou? Afirmarei que recompondo um
eu que não era eu! Anne Damásio
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