E agora que meus olhos secaram,
agora que as barricadas de caixinhas das mais diversas cores ‘controlam’ a dor,
domando-a, não sei se para evitar que os outros sejam atingidos, se para evitar
que eu sucumba! E agora eu pergunto, como eu faço pra viver? Me vejo as voltas
com um labirinto de signos, disformes ainda, não me encontro neles, não me
encontro no mais óbvio que são essas lágrimas que deveriam lavar a dor...sei
que o intuito foi contê-las, porque nas últimas vezes em que irromperam, vieram
incontroláveis, causando um imenso estrago nessa lógica de eu-(com)-vi-vem-do-com-o-ou-tro...As
elucubrações do médico eram bem fundamentadas, aquela metáfora do tapete, de
quanto lixo nesses anos de ‘dor na alma’ eu havia jogado para baixo do
tapete...de como em função disso não havia mais possibilidade de caber. Ele só
não me falou como viver em mim não sendo mais eu! Anne Damásio
Fotografia: Brooke Shaden
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