Comecei
a pensar, e essa ideia ficava dando voltas na minha cabeça, uma única ideia sem
par...era assim, se eu tivesse um cérebro adequado, desses que administram
todos os neurônios que nele vivem com uma maestria que só os equilibrados devem
ter, fico viajando numa produção de serotonina adequada, uma vida saudável e
toda a sorte de ações entediantes...ops, achar que ser normal é entediante
seria uma forma de desvio? E se eu tivesse esse tal cérebro hiper-adestrado,
será que eu acharia que é possível viver?
Bom,
considerando que hoje em dia eu sou meu cérebro, ou ele sou eu dependendo do
ponto de vista, ou do lugar que me observo, então percebo que sou um imenso
fracasso ambulante, serotonina zero, lítio no sangue quase inexistente, acho
que todos os hormônios e demais mecanismos orgânicos que respondem pela
felicidade (surreal isso né? Atribuir felicidade a hormônios...)então, acho que
o deus que me produziu(considerando que foi isso que me passaram no colégio de
freiras, acho que eles não gostaram muito da produção, e esqueceram de derramar
as dádivas hormonais em mim, que teimo em ser assim, um tantinho infeliz.
Mas
esses mesmos deuses devem ter produzido um bocado desses humanos infelizes,
então tiveram que recorrer ao diabo, e eis que surge a indústria farmacêutica,
minha mais fiel amiga desde o primeiro surto, milhões de medicações circulando
aqui por dentro, mensageiros químicos de diversas cores circulando de um lado
para o outro numa confraternização química divertidíssima...alguns luvox(s),
uns carbolitium(s), o velho clonazepam(e eis que a cabeça consegue se
equilibrar nesse pescoço por sobre o corpo...a questão porém, e que os remédios
que ‘curaram’ a cabeça provocaram efeitos incontroláveis no corpo, de novo os
hospitais, porém sem a ala psiquiátrica, e as injeções para manter-nos atados a
esse lugar de normalidade. Agora, só os remédios dos humanos normais, na fila
da próxima doença, esperando um intervalinho para se divertir. Anne Damásio
Caraca esse texto foi incrivelmente complexo e o reflexo dos humanos deste novo tempo, mas falando de uma forma... sei lá, com sentimentos além das drogas lícitas
ResponderExcluir:D essa história de sentir vaza pelos poros...se sentir refém dos medicamentos, meio entorpecida por causa deles, e saber que apesar disso precisa deles!!! :/
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