Quem é essa que me habita? Que boicota minhas
tentativas quase sempre inábeis de sobreviver no mundo real, que protela o
necessário até o fim de todos os prazos, que me define como vencida e sem saída
antes mesmo de eu esgotar todas as possibilidades? Essa que há em mim mas que
não sou eu, quer me ver entregue ao mais sem jeito da vida, aquele abismo que
antecede todas as mortes, mesmo as involuntárias. A parte ela, ergo-me lenta e
pesadamente, arrisco alguns passos em volta de mim, sento, respiro...só mais um
pouquinho companheira, só mais um pouquinho, e então, só talvez eu volte a ser
aquela que não se entende, mas vive. Anne Damásio
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