sábado, 3 de agosto de 2013

Sem pele...



Tenho esse hábito estranho de morrer um pouquinho todos os dias, a parte isso sobrevivo para além do que se foi, o estranho nesse ritual simbolicamente experienciado é as centenas de pedaços que ficam pelo chão, normalmente pele, mãos, olhos, pedaços do cérebro... Não sei quando esse fato deixará o reino do simbólico transformando-se em toda a sua literalidade, mas pensar nisso me provoca um certo medo, que preferia não ter, tenho aprendido que se não posso ficar por mim, por causa dessa mania de caminhar sem pele por aí, tenho que ficar pelos meus e os que me elegeram parte e parcela das suas vidas. Uma outra sensação estranha porém meio purgativa, é que nessa de sair por aí sem pele,  sinto-me constantemente desmanchar, e ainda não identifiquei esse líquido a meio caminho entre amarelo e vermelho, penso  ser sangue e algum tipo de gosma interna que escorre ao longo do meu corpo em profusão, não compreendo como os sujeitos que andam comigo não veem isso que escorre, não ouvem os barulhos que a minha cabeça faz, não sentem o maldito odor que exala através da minha pele desse bicho que se esconde na minha perna direita e a noite sobe para a cabeça para seu banquete canibalesco...Mais partes perdidas do que eu não sei quem sou! Anne Damásio 






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