segunda-feira, 22 de agosto de 2011

DESABAFO...



Indignação, dilaceramentos contidos na pele que prestes a explodir infla-se de uma dor aguda contra a mediocridade de viver. Os outros, aqueles que atenta e constantemente ignoro, por não querer saber de suas vidas, esses outros me invadem, vomitam sobre mim essas certezas insanas quanto a minha necessidade tão mais insana de viver sem ferir ninguém...me alertam para a velha pergunta, aquela que persegue pessoas assim ‘sem juízo’, que escolhe sua própria vida ao invés da vida dos outros, que assume essas escolhas e se sabe autêntica. Ah, a pergunta? A cabeça me pesa, as decepções se acumulam a porta, decidida fecho as janelas, remodelo a alma, visito os livros de etiqueta e auto ajuda esquecidos displicentemente na parte fútil da estante...Outra eu, 36 anos e tentativas socialmente determinadas de contenção sendo diligentemente adotadas em nome da moral e dos bons costumes, finalmente, olhares de aprovação por ter aprendido a fingir, ando levemente por entre os seres autorizados a viver, sento de pernas fechadas, femininamente adestrada, uma senhora adequada. Até quando duraria o insano delírio de adequação perguntava rascante aquela que vivia em mim, aquela que era eu, gritava por dentro, arranhava a pele recém maquiada, as roupas que escondiam a verdade tão perseguida...
Então o avesso volta à tona, o avesso que sempre foi meu lado certo, pele/tatuagens, corpo/desejo pelo mesmo, cara a tapa, estou de volta, trinta e seis anos de pura insanidade, pela não aceitação, pela tentativa de ser coerente com anos de teorizações, essa sou eu, quer me desafiar, se conheça primeiro!


2 comentários:

  1. É por isso que quando em épocas de sorte, de vivências pessoais e contatos mais íntimos entre histórias e fatos, eu guardo em mim a lembrança de que importante e oportuno é valorizar não só àqueles que estão ao seu lado carnalmente, se estes valerem ao caso, mas sim, àqueles que fizeram parte da decisão de que sua vida vale mais do que qualquer outra.
    Lembro de você como valorizo minha vida.
    Ladislau Uda

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  2. Ultrapassa a identificação, é algo como uma vivência em Deja vú queimando em minha pele. Entendo, compreendo, vivi-vivo e sei. Posso falar.
    Adequação sempre será também mote de meus dias, em meus 31 anos um certo germe de contradições atingem minhas vontades, desejos e aspirações. Não querer saber nem viver a vida do outro infelizmente não gera a reciprocidade que deveria. É injusto tentar viver em paz. Bem o sei. E te digo minha amiga, não importa o lado da moeda, o que incomoda não é o nosso estar e sim o ser, e quanto a isso não nos cabe nada a não ser fazermos de nós o próprio verbo. Não permitir que o que é tão medíocre nos magoe ou pelo menos nos deixe marca é vital. Temos o direito sobretudo de respirarmos com leveza, e disso não podemos abrir mão.
    Que o amanhã seja doce.
    E não cesse de escrever. Ler-te me alimenta.
    bjs

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